E no último dia disponivel nos Vouchers da time out de 50% de desconto na refeição eis que experimenta-mos um dos restaurantes que mais nos despertava curiosidade, e a experiência em nada saiu desgostosa.
A característica mesa invertida :) |
O restaurante é algo escondido numa rua transversal a outra que liga ao Rato. Com uma sala simples, paredes brancas, cadeira castanhas e vermelhas, a decoração é minimalista, tornando o espaço leve mas algo despido, demasiado sóbrio para o meu gosto, mas bom para a minha companhia. Fomos recebidos pela equipa de sala que se mostrou com alguns olhares desconfiados quando viram 1 casal com ar de adolescentes entrar pelas portas de um sitio tão conceituado e com um público alvo bem para além da nossa idade e pensam eles, do nosso conhecer gastronómico, neste último enganam-se :D . O serviço é excelente, profissional e atencioso, embora alguns empregados sejam mais desligado e quase ríspidos nas introduções dos pratos, no geral fazem um trabalho merecedor, e menos não seria de esperar para o tipo de restaurante que é e para os preços que se pratica, sendo este um dos melhores de Lisboa, assim teria de ser. O menu é reduzido, com 4 ou 5 pratos em cada categoria, e pelo preço de cada um deles recomendamos que peçam um menu de 5 pratos a 53€ euros, a ser feito pelo Chef, apenas têm de dizer o que não comem e esperar pelo que ai venha, algo perigoso a meu ver mas a experiência saiu-se positiva, pois a surpresa em cada prato foi melhor do que saber o que ai vinha. Antes de dizer-mos o que queriamos evitar tinha dito á Manguinhas :" Se calhar é melhor dizer-mos para evitar as Ostras e o Foye Gras não?" Ao que ela diz: " Não, acho que não é preciso, também já viste o que era vir logo isso?" Assim começou a nova refeição...
A sala, algo diferente hoje em dia. |
O Couvert começou logo por fazer as delícias da Manguinhas pão transmontano, azeite transmontano, servido por uma rapariga que se parecia notar transmontana! 2 tipos de manteiga, Noisette e de Camarão e Manteiga de Amendoim. Começou bem, a qualidade do pão e do azeite era excelente, não fossem de Trás os Montes,e as manteigas de igual sabor e qualidade, com destaque para a de Camarão e Manteiga de Amendoim cujo sabor era uma surpresa. Até quando nos servem o Couvert nos explicam o tipo de pão, de onde é, a acidez do Azeite, neste caso 0,2, e de onde vem. Bem como os tipo de manteiga presentes.
3 Amuse Bouche para começar, deliciosas! |
Começámos com as 3 Amuse Bouche, Coscorão com Alheira , uma combinação que nunca me tinha passado pela cabeça mas que estava divinal, o sabor adocicado com uma pitada de canela, casava na perfeição com a alheira de sabor forte e vincado e o contraste das texturas entre o suave e o crocante faziam desta pequena delicia uma surpresa a cada dentada. Éclair com queijo de Seia mais uma vez uma combinação eficaz, embora sem deslumbrar a ideia estava bem conseguida e engraçada, a qualidade do queijo falava por si e a massa do éclair mostrava-se fofa e saborosa, sendo o par ideal para servir de veículo ao creme. Por fim Brunesa de Espadarte de Sesimbra com Maçã, de sabor leve e refrescante era uma agradável combinação para cortar a intensidade das outras 2.
1º Entrada do menu de 5 pratos |
Terminados, chegou uma das entradas, e como o Universo tem um sentido de humor excelente e por vezes meio irónico, eis que nos chega OSTRAS! "Oh meu Deus, como é que é possivel?!" Pensava eu tendo a certeza que a Manguinhas não ia gostar e eu próprio não sendo grande fã! Mas mesmo assim para mim conseguiu ser salvo pelo resto dos componentes. Ostras de Setúbal ao natural, Iogurte fumado, caldo de Bacalhau fumado, Tapioca e Alga. O prato sabia literalmente a mar! As ostras por si já o sabem mas o caldo aromático e de sabor suave cortavam a salinidade das mesmas, a tapioca com a sua textura meio gelatinosa e al dente no meio davam uma textura intrigante ao prato, bem como as algas por cima. O iogurte dava uma profundidade de sabor a todo o conjunto. Esta entrada remetia-nos para o mar a cada garfada, e revelou-se uma agradável surpresa, apesar da textura que detesto das Ostras e do seu sabor salino, lá marchou tudo, sendo o ponto alto a Tapioca e o caldo que me cativaram, já a minha senhora, ficou a saber que não gosta NADA de Ostras.
"Começa-mos bem, a seguir deve vir Foye Gras para desgraçar o resto do menu já assim no inicio" pensei eu...
2ª Entrada, um prato excelente! |
Não se verificou, ao invés, veio algo que ambos adoramos, Vieiras. Vieiras Coradas, Moela, Puré de Cebola, Alho frito, Coentros,Óleo de Trufa e crocante de Pão de Especiarias. Embora a combinação me soa-se estranha, ainda para mais por nunca ter comido moela, a cena toda de misturar carne e peixe nunca me fascinou, mas aqui isso mudou! No geral a harmonia de sabores com tantos ingredientes que parecem díspares é no mínimo intrigante. Tudo se complementava de maneira saborosa e interessante, e apesar de as Moelas e a Vieira, quando comidos em separado não fossem nada de especial, juntos elevam-se para um sabor diferente e bem melhor. O Puré de Cebola estava suave e nada intenso como pensava que estaria, antes aromático e um perfeito acompanhamento para o resto, os coentros davam uma frescura que elevava o prato e atribuia uma agradável "corte" nos sabores mais vincados. Tudo era ainda melhor pelo facto do Óleo de Trufa perfumar todo o prato, e se bem que ás vezes se adicione porque é gourmet, aqui integrava-se bem no todo, bem como o crocante de Pão de Especiarias que era o elemento estaladiço do prato, a par do alho frito, e também ele delicioso, pena ser pouco :D Um prato vencedor e deveras surpreendente!
Prato de Peixe, o melhor da noite. |
Prato de carne e uma ovação ao Norte do País. |
Seguiu-se o prato de carne, neste caso da Carta, Borrego em crosta de Pistachio e Cuscos Trufados. Cuscos neste caso não está mal escrito, trata-se sim de uma massa feita com farinha, água e mais algumas coisa que se vai mexendo com a mão á medida que se adiciona o líquido, resultado, pequenas formas toscas, umas maiores que outras, que têm uma forma semelhante a pequenas esferas, ou ovais. E isto é típico de Trás-os-Montes, bastante antigo, daí não ser muito conhecido, mas hoje em dia já é comercializado pela marca Origens.
Este prato continha ainda Cogumelos selvagens, puré de Salsa, Rebentos de Ervilha e brunesa de enchidos e seu suco. Pode-se dizer que este prato era um hino ao extremo Norte do país! E não desapontou, de sabores bem fortes e robustos começando nos Cuscos! Al dente como se querem, o seu sabor era excepcional, o suco libertado pelos enchidos estava infusionado dentro da massa em si, bem como o óleo de trufa que envolvia todo o preparado! Resultado, uma guarnição deliciosa e de honrar o legado transmontano e as suas receitas e sabores! Um vencedor por si só que foi a estrela do prato! O borrego foi o que mais me desiludiu, não por ser mau, longe disso, mas por não ter a crosta de Pistachio que se anunciou e por não estar tão suave como poderia ser estando médio-bem. Os Cogumelos Selvagens esses eram outra surpresa, de sabor característico, só quem os experimenta é que conheçe o verdadeiro sabor deste ingrediente, forte, aromático e com uma resistência natural, tinham um sabor térreo e que completava o conjunto de sabores do prato, mas igualmente excelentes por si! O puré de Salsa e Rebentos de Ervilhas eram ambos bastante saborosos e conferiam uma lufada de ar fresco que se revelava crucial para cortar todos os sabores intensos! Mais uma vez, um excelente prato, que á carta custa 22€, comeu-se no menu de 53€ embora em menos quantidade de certo.
Pré Sobremesa |
Felicíssimos da vida, veio a pré-sobremesa, Iogurte Natural do restaurante com compota de Marmelo. De textura suave e espessa estava bom mas não deslumbrava, era sim completado pela Compota de Marmelo que estava no topo, bastante saborosa mas a nosso ver pouca face á quantidade de iogurte. Fez o seu serviço de limpar o palato para a sobremesa.
Um café e Pastel de Nata, era o nome dela, na carta a 7€, foi apresentada neste menu. Uma desconstrução do Pastel em si, e uma brincadeira com o seu companheiro que em tantos cafés se vê e ouve, o café que por tradição o acompanha.
Sobremesa, jogo de sabores e texturas. |
Era assim composta por Pannacotta de Café, sabor forte e vincado, nada doce, consistente e suave. Espuma de Leite com café ou pelo menos era a isso que sabia, suave, leve e com consistência suficiente para não derreter no prato, mas sim na boca, que o fazia deveras bem! Gelado do Creme de Pastel de Nata, delicioso, espesso e viciante! Crumble, a fazer do crocante da massa folhada, este era bem melhor, bastante estaladiço e de sabor suave e com um toque de canela. Tudo polvilhado com Canela e fios de Caramelo no prato. Muito bem pensado, bem executado e mais importante, delicioso, todos os componentes eram bons mas nada que já não tivesse-mos visto ou comido, mas quando se juntava tudo numa colherada, se fechássemos os olhos, o sabor era exactamente o nome da sobremesa, genial, saboroso e divertido, tudo o que devia resumir uma boa refeição!
Uma experiência fantástica, pratos irrepreensíveis, serviço profissional, esclarecedor e atento, o preço pelo menu é mais do que justificado e bem empregue, a meu ver, melhor do que nos pratos pedidos á carta. O espaço seria o único senão mas os gostos não se discutem. Uma excelente refeição para acabar o ano de 2013, e esperar que se façam mais destas em 2014, haja Vouchers da Time Out e dinheiro, ou só dinheiro também me chega! :D
Facebook:https://www.facebook.com/pages/Restaurante-Assinatura/112500565453485?ref=ts&fref=ts
Site:http://www.assinatura.com.pt/index.php/pt/
Sem comentários:
Enviar um comentário