quinta-feira, 25 de abril de 2013

Evento- Lisboa á Prova 2013, Sábado.

Monstro das Bolachas

O que é que um Chef de cozinha de baixa (mais psicológica do que física) e um Cozinheiro recém "liberto de vínculo contractual com a sua antiga entidade patronal" fazem quando lêm, Lisboa á prova?

Exacto, arranjam convites de quem conhecem que esteja lá dentro, entram pela porta da frente, esperam mais uns 3 minutos que o Chef que conhece-mos volte com senhas de degustação e dá-se inicio ao que viria a ser uma noite de riso, contactos profissionais e muita conversa de fazer doer a alma com tamanha idiotice que paira sobre o antigo restaurante onde trabalhei, na companhia do meu Chef e agora grande amigo!

O evento era pequeno, apenas 9 dos 76 restaurantes estão presentes em cada dia, tendo em conta que são 2 dias, a mostra é diminuta, contudo, a oferta é vasta, pois cada restaurante tinha cerca de 5 a 7 especialidades,tendo apenas que escolher quais experimentar. Os presentes neste sábado eram: Os Tibetanos, Can the Can, The Decadent, A Travessa, Psi, Adega Victor Horta, Restaurante Laurentina, Travessa Do Fado e Chão de Pedra.


O espaço físico não era o melhor, pouco espaço para demasiada gente, pouca ventilação e uma acústica infernal, juntando falta de caixotes do lixo e bancos para nos sentar-mos a comer, estava montada a festa :D. Seguio-se a ronda de degustações, entre muito riso, uma procura incessante de um lugar para nos sentar-mos e um constante equilibrio de pratos e copinhos nas mãos.


Degustação The Decadent.

Para começar fomos aos nossos conhecidos e amigos, The Decadent, com o Chef Lima presente a explicar o que iamos comer. Neste caso foi Shot de Agrião e Nata azeda, Ceviche de Pampo e para finalizar, Mousse de Limão e Suspiro. Bom, fresco e simples, as 3 palavras que definem o restaurante.



Degustação Restaurante Vegetariano Psi.
Seguiu-se o Restaurante Vegetariano Psi, do qual já tinha ouvido falar. Servem comida vegetariana com recurso ao Tofu, Seitan entre outros. O menu era composto por Lassi de Água de Rosas, Bebida de Amêndoas, Seitan estufado com legumes e Arroz de cenoura, Chamussa de Seitan e um tipo de pão recheado que não me recordo do nome, mas estava muito bom, bem como tudo o resto, especialmente a Chamussa, crocante e bem recheada o sabor era forte e robusto, dando grande luta face ás feitas com carne. O Lassi de Água de Rosas estava suave e sedoso, fresco e nada enjoativo, algo difícil de fazer quando se trabalha com este produto tão versátil. Sem dúvida um restaurante a experimentar.
A mesa de Os Tibetanos
Depois experimentei o que viria a ser o ponto alto da noite, e o espaço ao qual voltei 3 vezes, algo que o senhor que me servia achava estranho, mal sabia ele como eu arranjava as senhas... Motivo de tamanha barrigada de comida foi o restaurante Os Tibetanos um espaço que tenho de visitar num futuro bastante próximo. O menu era composto por várias especialidades e eu experimentei todas, contudo a que mais gostei foi a que vêm na foto.
Uma das degustações de  Os Tibetanos.
Chapaklé, (Pastel tibetano recheado com seitan e legumes), Momo de espinafre e queijo,Shaptra (Seitan salteado, rebentos de soja e alho francês acompanhado com Ting Momo, pão Tibetano sem fermento.). Á excepção do pão, estava tudo MUITO BOM! Texturas perfeitas, sabores que eram uma autêntica descoberta a cada dentada, perfeitamente executados. O Momo foi a peça da noite, com uma massa suave e al dente, o seu recheio estava uma coisa do outro Mundo. Sem dúvida, tenho de ir a este lugar. Mas ainda tinham sobremesa, que essas também foram as melhores da noite,  a Tarte de Papaia e Requeijão e a Tarte Dolma com Chocolate Belga e Castanha! Uma palavra para descrever? Extremamente bom, delicioso, a repetir até cair!
Mesa de Adega Vitor Horta.
 
De seguida, Adega Victor Horta. Um restaurante que não conhecia, que se revelou uma grande surpresa, com pratos muito bem executados, saborosos e criativos, um espaço a ter debaixo de olho e a visitar. Com pratos bem conseguidos e apresentados destaco Cabrito em forno de Lenha e Puré de Castanha e Frando do campo Recheado com Maçã e molho de frutos Silvestres da parte de salgado e o Pudim d'Adega,que estava muito bom também, denso e de sabor rico, só foi pena não haver mais quando lá passei pela 2ª vez :D.
Degustação Adega Victor Horta.
 
A minha degustação era composta por Cabrito em forno de lenha e puré de Castanha, Frango do campo com maçã e molho de frutos silvestres e para finalizar Mousse de Figo com geleia de Uva. Tudo brilhante! Bons sabores, quantidades mais do que suficientes! O Cabrito e o puré estavam muito bem feitos, com a carne tenra e saborosa, o puré intenso e rico que espastava na boca! O recheio do frango estava muito bom, com pedaços crocantes de cebola frita pelo meio e a maçã a cortar o intenso sabor a carne, era tudo finalizado pela harmonia que o molho trazia ao prato! A Mousse de Figo foi uma surpresa, nunca tinha experimentado, mas fui surpreendido. Doce q.b, o sabor do figo e a sua cremosidade estavam bem balanceadas com a geleia de Uva, tornando-se fresco e leve. Um lugar a seguir com atenção!
Degustação Restaurante Laurentina.
 
Seguiu-se o Restaurante Laurentina , que foi o que menos gostei. A minha degustação era composta por Arroz de Café com Alcatra, cebola caramelizada e redução de Porto, Folhado de Galinha e Mini Pudim com frutos vermelhos e Chocolate branco. O arroz não sabia nada a café, e a única coisa que salvou o prato foi a cebola caramelizada e a redução, pois a carne já tinha passado muito do ponto, visto que estava ali á algum tempo, e o mesmo com o arroz, que ficou seco. O  Folhado de Galinha, estava saboroso e bem recheado, estava também frio e por isso colado á base do recepiente onde estava, exigindo alguma imaginação para o tirar sem espalhar tudo :D. A sobremesa não estava nada de especial, era doce, é tudo o que me recordo.
 
 
Entretanto o Can the Can foi embora, não sei explicar porquê, e não provei os restaurantes Travessa do Fado, A Travessa e o Chão de Pedra pois os seus menus não me despertaram interesse. Foi um Sábado bem passado, com muitas surpresas. Com muita pena minha não fui ao evento no Domingo, mas para o ano lá estarei eu outra vez, e daqui as 5 anos, será o MEU restaurante que estará no Lisboa á Prova, com 3 Garfos :D. Digo eu...
 
Pela altura que lêm isto já tenho novamente um "Vínculo contractual" com outro restaurante, de cozinha tradicional Portuguesa, conhecimento que vou agora começar a aprofundar e aprender com uma das melhores profissionais do ramo. Tenho contudo algum receio visto que a minha cozinha é mais elaborada a nivel de empratamento e métodos de confecção, tenho medo de não me sentir bem ou integrar neste novo projecto, mas o tempo o dirá! O meu antigo Chef já não está de baixa, física pelo menos, a psicológica está sempre com ele! 

domingo, 21 de abril de 2013

Restaurante- Fenícios Rua Castilho

Monstro das Bolachas


Em jeito de celebração do aniversário da Manguinhas , fomos ao novo Fenícios,, na rua Castilho. Apesar da Carta e da simpatia dos empregados  serem  iguais ao do 1º restaurante na Rua do Conde Redondo, o espaço é totalmente diferente.



Situado num 7º andar, tem uma vista soberba da Colina do Castelo, Terreiro do Paço e do Rio Tejo. Dispõe de uma varanda onde podem jantar ao mesmo tempo que aproveitam o pôr do Sol e da magnífica vista da cidade, sem dúvida que se juntou o melhor de 2 Mundos, a gastronomia e a paisagem estupenda. Visto que a sala em si é bastante vulgar, a vista teria de compensar. O Fenícios Castilho só funciona ao jantar, ao almoço é o restaurante Varanda da União, servindo comida Portuguesa, algo que me faz confusão, existirem 2 conceitos tão díspares no mesmo espaço, mas desde que a comida seja boa é o que me interessa!

Fomos recebidos pelo empregado de sala e pelo gerente, um dos filhos da família El Dib, donos do Fenícios. A simpatia é imediata e sentimo-nos entre amigos. Tanto que me fiquei á conversa com o gerente, acerca das especiarias utilizadas na gastronomia libanesa, as mesmas que me deu a provar e que não se encontram em mais lado nenhum, sendo elas o Sumagre e o Za’atar, ambas importadas especificamente para eles.
Demos inícios á nossa viagem gastronómica com a Mezze Fenícia a 22,50€,  pequenas especialidades para partilhar, neste caso 8 pequenos pratinhos. O que vinha nos mesmos podem ver aqui, pois os nomes e as descrições são bastante extensas. O preço é justo e até acessível, visto que 2 pessoas podem ficar satisfeitas só com isto (obviamente que não é o nosso caso), e a possibilidade de experimentar tantas coisas de uma só vez, faz com que valha a pena.  Acompanhado do pão tradicional libanês desapareceram num instante.
Mezze Fenícia 22,50€.
Apesar de TUDO estar delicioso, o destaque vai sem dúvida para os Falafel (pequenos pastéis de grão, coentros, sésamo e especiarias), Warak Énab (folhas de videira recheadas com arroz, tomate, salsa e limão em azeite) e para o Hoummos (pasta de grão, sésamo, limão e azeite). Absolutamente perfeitos, sabores harmoniosos e bem vincados, executados certamente com mestria e amor pela arte da cozinha libanesa. Terminada a Mezze, o gerente perguntou: “Então, satisfeitos?” Ao que respondemos: “Claro,vamos agora ao prato principal! Sabe que os magros enganam?!”Escolhemos o Kibbe Labaniyeh a 9,90€, para partilhar, algo que se costuma fazer quando pedem as Mezze, pois já vão meio jantados para o prato principal!  
Kibbe Labaniyeh 9,90€.
O prato era composto por 3 Kibbe, arroz Árabe com amêndoas e passas e molho de Iogurte com hortelã. O Kibbe é um pastel de carne moída, com várias especiarias e legumes estufados, que é depois moldado como vêm na foto, neste caso foram fritos na base e cozidos a vapor no topo. O contraste da textura crocante da base e pastosa do resto do pastel era uma agradável surpresa, bastante aromáticos, estavam extremamente bons e suculentos! Com um equilíbrio de sabores estupendo, fazia-nos voltar para tirar mais e mais, só era pena serem 3 :D! O arroz estava bom, soltinho e bem aromatizado, fazia uma boa conjugação com os Kibbe e com o molho, molho esse que dava uma nota ácida ao prato, fazendo mais uma vez um equilíbrio harmonioso no seu todo.
 
Baklawa a 3,50€.
De sobremesa, 2 Mouhallabie, Pudim de Flôr de Laranjeira e água de Rosas, a 2,95€. Delicioso e viciante, tal como nos lembrava-mos, esta é a sobremesa que TÊM de pedir! Sedosa, doce q.b e com um aroma fora do nosso palato Ocidental, é garantido que não encontram nada assim em mais sitio nenhum. Pedi também para experimentar a Baklawa (3,50€), que neste caso é uma mistura de 3 pequenos pastéis com frutos secos em massa filó. Não estavam nada digno de nota especial, apesar de doces, o seu sabor não vai ao encontro das surpresas dos restantes sabores.
No final, 49,80€, por uma entrada com 8 coisas diferentes, 1 cesto de pão,1 água de 1L, 1 Arak (bebida  alcoólica libanesa), 1 prato principal e 3 sobremesas, nada mau ham?!
Um restaurante que compensa a falta de beleza estética do espaço com uma saber milenar e mestria culinária Libanesa, uma vista sobre a bela cidade de Lisboa e claro, uma simpatia irradiante e contagiante. Acessível e barato tendo em conta o que se come, é um lugar que não podem deixar de visitar, nós certamente que o continuaremos a fazer!

Site: http://www.fenicios-castilho.com.pt/index2.html