quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Restaurante- Shoryu Ramen, Londres, Soho

Monstro das Bolachas
Shoryu Ramen, Soho

Seguindo o post anterior, mantive-me pelo tema de comida japonesa que sempre vi nas Animes, desta feita fui descobrir o que torna o Ramen único, delicioso e mais impressionante, a cultura em seu redor. Sendo assim, escolhi entre vários restaurante e selecionei o Shoryu Ramen em Soho, pois existe outro em Regent Street. O que torna único o Ramen é o seu caldo e a massa, noodles. Cada caldo tem bases diferentes, textura, cor, profundidade e sabor consoante a proteína que se usa, a mais comum e apreciada é o porco, que dá pelo nome de Tonkotsu, um caldo á base dos ossos do mesmo, usado para uma panóplia impressionante de pratos, que neste restaurante é o que se serve. O Chef, é famoso pelo seu Hakata Tonkotsu, o caldo da sua cidade natal. Como aqui existe uma variedade enorme de experiências gastronómicas para experimentar, juntei a minha curiosidade á causa das dores de cabeça da Manguinhas, o comer fora, e lá fui eu com um colega de trabalho.

O espaço é agradável e acolhedor, uma decoração em castanho com grandes telas pintadas e bambus tornam-no num refúgio do ritmo vertiginoso desta cidade. A cozinha aberta deixa antever e observar os pratos e o seu processo, e mais importante que isso, sem o cheiro ou o barulho que se pode gerar num espaço assim. O único problema que tive foi quando olhei para as mesas, não havia mesas para 2 pessoas! O mínimo seria para 4, todas as outras eram corridas, com números em cada lugar, ou seja, privacidade seria mentira, este é o estilo cantina, servir rápido e dar lugar a outro o que não tem nada de mal, só não é o meu conceito.
Cozinha aberta para a Sala

O menu é vasto em todas as secções e com ofertas bastante aliciantes não se limitando aos Ramen, tendo também arroz e sushi! Sendo a base de todos os  Ramen o Tonkotsu, a variedade está no que vem servido com ele, desde o tipo de massa, a proteína ou os vegetais, a escolha foge ao normal e introduz muitos ingredientes e especiarias orientais como o citrino Yuzu ou o Nitamago, ovo cozido em soja com a gema ainda líquida, ou ainda o Kikurage uma espécie de cogumelo.

Pork Belly Hirata Bun 4 Libras
Após uma difícil escolha acerca do que pedir, optámos por 2 Hirata Buns, 1 de Pork Belly e outro de Halloumi& Shimeji 4 libras cada. Aqui o serviço começou a cair na desgraça, pois as supostas entradas chegaram com os pratos principais, e só veio 1, tive de relembrar os empregados 2 vezes que faltava o outro. No que toca á nossa escolha foi excelente, os Hirata vinham bem recheados e mesmo MUITO saborosos. O de Pork Belly (Barriga de Porco) era uma fatia bem grossa, tenra a desfazer e coberto com um molho agridoce bem balançado, servido com vegetais para balançar tudo, o pequeno pão a vapor era o acompanhamento perfeito para absorver todos os sabores e tem uma textura fantástica, resistente e meio elástico com um sabor característico.
Halloumi&Shimeji Hirata Bun 4 libras

 Mas o meu estava melhor, o Halloumi&Shimeji trazia o queijo crocante numa massa de tempura, os cogumelos salteados, alface, Sweet chilli sauce e uma espécie de maionaise que não consegui definir o que era, mas estava excelente. O contraste das texturas e a ligação dos molhos faziam desta uma entrada a não passar, sendo o pão mais uma vez o "veículo" perfeito para tal combinação de texturas e sabores!
Origin Tonkotsu 9 Libras.

Para principal, Origin Tonkotsu, o Tonkotsu original a 9 libras, e um Fire & Ice Salmon Tsukemen para mim, 12.50 libras. O 1º era o mais simples de toda a carta, constituído por rodelas de porco braseado, Spring onion/cebolinha, Nitamago, pickle de gengibre/Gari, cogumelos Kikurage e alga Nori, com os indespesáveis Noodles e Caldo Tonkotsu. O caldo tinha um sabor suave e os outros ingredientes estavam todos bem apaladados e distintos de sabor entre si com destaque para o Nitamago, ovo cozido em Soja que se revelou uma estrela por si só. O facto de se comer tudo junto com o caldo dá um novo patamar á degustação e texturas que nunca tinha encontrado antes, simples e saboroso, com destaque também para os Noodles, al dente e muito bons, e para os cogumelos Kikurage com uma textura e aspecto que faz lembrar orelha de porco, com uma resistência algo elástica, mas saborosos.
Fire&Ice Tsukemen. 12,50 libras.

O meu Fire & Ice era um dos pratos que nos faz olhar para ele, pois é servido em 2 separadamente, empratado com cuidado e em altura, com uma panóplia de cores que se destaca dos demais que vi no restaurante. Numa tigela grande cheia de gelo, vem uma esteira de bambu com o "prato" e numa tigela á parte o Wasabi-Tonkotsu quente. Era assim constituido por Salmão fumado,Nitamago, pickle de gengibre/Gari, Noodles, Kikurage, alga Nori, rebentos de bambu e rodelas porco braseado. A ideia do prato seria o contraste entre o caldo quente e com um travo a picante e os restantes ingredientes frios, e a ideia estava bem conseguida pois os 2 complementavam-se perfeitamente. O caldo Wasabi-Tonkotsu, tinha uma sabor mais forte do que o outro e bem mais picante, contudo ao comer os outros elementos frios esse efeito era atenuado e a combinação alcançada, no final, pode-se comer como se quiser, separado ou juntar o que se pretender ao caldo. O destaque, apesar de tudo estar delicioso, recai no Salmão fumado, uma tranche do lombo fumada com um sabor bastante característico que nunca encontrei, o sabor mais semelhante seria o Bonito ou um Atum fumado. Uma excelente escolha entre muitas outras que irei de certo experimentar.
O prato completo.

Desta vez não se comeu sobremesa, pois fomos comprar Pastéis Doces de Feijão vermelho a Chinatown, mas a oferta era bastante tentadora com Cheesecakes de Chá verde, Yuzu e muitas outras, mais um motivo para voltar :D.


O preço ronda as 25 libras por pessoa com 3 pratos, devido á taxa de serviço, que significa que não pagam apenas o preço do que comeram, mas também essa taxa que serve de "gorjeta", um aspecto a não esquecer! Os aspectos negativos são a falta de espaço e privacidade nos lugares, pois são todos lado a lado e o facto de o barulho se tornar demasiado se estiver muito cheio. O serviço embora simpático é atabalhoado e cheio de falhas, numa ocasião 4 empregados de mesa em intervalos de 5 segundos(eu contei) vieram pedir para levantar a tigela do meu colega que ainda não tinha terminado, o que criou um ambiente um pouco constrangedor para nós e irritante!

Fora isso, recomenda-se vivamente, mas por favor nada de sorver ruidosamente a massa especialmente com os lugares tão próximos, o mais certo é a vossa massa ir parar na tigela de alguém desconhecido, aí será outro tipo de convívio, bem mais físico e com uma vista guiada a um posto de urgência ou interrogatórios policiais :P.

Site:http://www.shoryuramen.com/
Facebook:https://www.facebook.com/ShoryuRamen

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Fast-Food Japonesa- Onigiri

Monstro das Bolachas
Onigiri de Salmão

Poucas serão as pessoas que não ouviram pelo menos uma vez nomes como Naruto, Bleach ou Dragon Ball, contudo não devem de ser muitas que têm a oportunidade de encontrar, experimentar e ser completamente apanhados de surpresa por alimentos que se vê em séries de Anime. Num passeio pela zona do Soho em Londres, entrei numa loja japonesa onde se vendia inúmeras coisas tradicionais, desde bolos a pratos completos, eu fiquei pelo Onigiri, um triângulo de arroz envolto em alga nori, com vários recheios á escolha. Eu neste caso arrisquei pelo de Salmão. E qual não foi o espanto quando vi que no pacote até trazia o método a utilizar para tirar o dito cujo de dentro do seu pacote, um conselho, SIGAM-NO, pois eu não o fiz e a coisa ia se esbandalhando toda o que seria de facto terrível pois era muito saboroso!
O recheio do Onigiri de Salmão

Fiquei extremamente espantado ao trincar o Onigiri pois estava á espera de encontrar uma Nori mole como se encontra em muitos casos, um arroz meio seco e sem tempero e um recheio de Salmão algo duvidoso. Nada disso, o resultado foi de alegria extrema ao trincar uma alga crocante como não comia á muito,  cheia de sabor! Um arroz, solto, bem temperado e fresco e um Salmão lascado, suculento e também bastante fresco. É disto que se fazem passeios e novas descobertas, conhecer e sermos levados de surpresa, por recantos, zonas ou comidas que nos surpreendem e nos fazer sorrir, ao pensar que uma simples iniciativa de explorar uma pequena rua, se pode por vezes demonstrar uma descoberta e um momento bem passado...

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Restaurante- Blend

Monstro das Bolachas
Forno de lenha do Blend, que podem ver da sala.

O regresso a casa de quem está fora do País é SEMPRE motivo de alegria, e a minha foi a redobrar quando soube que o meu antigo Chef, António Amorim estava a comandar este novo restaurante na Rua do Norte, no Bairro Alto, juntamente com o Chakall. Sendo assim, claro que tinha lá ir,para além de ser um bom amigo, é um excelente cozinheiro e a pessoa com quem mais gostei de trabalhar até á data. Fica aqui a nossa experiência nesta nova aventura.

Sala
O espaço é amplo, em tons quentes da madeira de tom escuro, luzes a pender num perfil baixo, perto das mesas dão ao restaurante uma aura intimista. De estilo simples, mas refinado, as paredes são de betão liso, adornadas com grandes telas com pinturas abstractas. A loiça usada é igualmente moderna e atraente, tanto nos empratamentos como nas restantes coisas.  Mas a peça central do restaurante é a cozinha, com uma janela enorme, pode-se ver para o seu interior e para o maciço forno a lenha lá dentro. Tudo é visivel desde os cozinheiros a trabalhar, á lenha a ser inserida no forno para manter a temperatura, se gostam deste tipo de cozinhas e "espectáculo" como eu, isto é o lugar ideal para vocês. Chegados ao restaurante lá fomos falar com o Chef António e o meu colega antes de dar inicio á refeição. As empregadas de mesa apesar de terem boa vontade, não têm experiência na área, ou neste tipo de restauração, parecendo um pouco perdidas por vezes, com algumas conversas com a cozinha demasiado altas para os clientes que as ouviam claramente, algo a ter em atenção no futuro.
Carta, num formato desdobrável, tipo leque. Boa diferença.

A carta têm inspirações de vários sitios, pratos como o Falafel ou o Fuul Medani com pão Pita remeten-nos para o Médio Oriente, já os Ceviche para a América do Sul. Os pratos têm um conceito de partilha pelo que isto se traduz num preço mais elevado, mas visto que eu fui numa altura em que ainda nem tinham aberto oficialmente ao público, esta crítica é meramente construtiva e para dar a conheçer o restaurante, pois acredito que alguma coisas mudem com o passar dos primeiros tempos.
Fuul Medani.

Optámos pelo Fuul Medani (7€) um prato de Feijão encarnado guisado com cebola e manteiga de amendoim, servido com 4 pães Pita e um Picco de Gallo á portuguesa, tomate em cubos, coentro e cebola que servia para dar frescura ao prato e uma maior leveza. O guisado de feijão e manteiga de amendoim estava saboroso e interessante, sabores que nunca tinha experimentado juntos, sendo servido num tacho e indo ao forno, o topo fica crocante, ajudando na textura. O pão Pita, é feito no restaurante, bem como a Focaccia e o Pão de Hambúrguer, e servia neste caso de veículo aos restantes elementos do prato.Neste prato, acho que podia ter mais amendoim no guisado e o o pão ficaria melhor se estivesse mais mal cozido, para não se tornar demasiado duro e seco, mas depende do gosto de cada um claro.
Falafel com Molho de Iogurte e Tahini

Pedimos também o Falafel com molho de Iogurte e Tahini (7€). Neste caso acho o preço demasiado elevado, apenas 4 pequenas bolas, não justifica o conceito de partilha no nosso entender, muito menos a este preço. Contudo, o Falafel agradou mas não deslumbrou, visto que nós conheçemos bem a cozinha Libanesa e do Médio Oriente, estávamos á espera de algo diferente, mais intenso de sabor e crocante, algo que não aconteceu, o sabor era agradável mas simples grão sumaria a descrição, e a fritura não estava concluida, pelo que não estavam bem crocantes. O molho esse estava bastante bom e leve, o acompanhamento perfeito para algo que podia ser melhor, mas ainda é cedo para avaliar correctamente qualquer prato.
Hambuguer Blend Wood,  Excelente!

Para principal, a concelho do Chef, Hambúrguer Blend Wood, queijo Scamorza,Bacon, cebola crocante, molho de alho assado, pão de hambúrguer caseiro e mixed chips a 19€. De longe o melhor da noite. Uma execução excelente de um hambúrguer que já tinha feito mais o Chef no Rota das Sedas onde trabalhei com ele, e que pelos visto ele continua a aprimorar com grande mestria. A carne de excelente qualidade e bem temperada vinha dentro de um pão ainda melhor, feito no restaurante, tostado e com sementes de sésamo no topo, tinha ainda espaço para o bacon a cebola crocante em Panko, queijo scamorza e molho de alho assado, tudo servido com chips de batata violeta e normal. Uma aposta ganha especialmente no molho de alho assado que para além de ser delicioso combinava na perfeição com os restante elementos. Todos os sabores estavam em harmonia num prato que me fez querer repetir, voltando ao mesmo de achar demasiado caro para a quantidade que se diz para 2 pessoas, apesar de não ficarem com fome, não ficam plenamente satisfeitos, acho que ou se põe mais quantidade ou baixa-se os preços e dá apenas para uma pessoa...Não obstante, um prato que me faz voltar!
Churros, a versão normal traz 5. Muito bom como o resto!

De sobremesas, Tiramisú de Frutos Vermelhos(6€) e Empada de Doce de Leite e Queijo(7€) e ainda podemos experimentar os Churros com molho de Avelã e Chocolate, cortesia do Chef. Começando por este último, estavam muito bons, a fritura estava perfeita, deixando os churros crocantes e o seu interior pastoso e viciante, e eu que não como fritos, é dizer muito! O molho de Avelã e Chocolate estava bastante rico em sabor e com uma textura sedosa que se colava aos churros. Uma aposta ganha e de excelente sabor pela qual vale a pena pagar, repetidas vezes e segundo a Manguinhas o melhor a fazer é fechar o frasco onde vem o molho e levá-lo para casa!
Tiramisú de Frutos Vermelhos!

O Tiramisú de Frutos Vermelhos estava como eu já esperava, delicioso, tanto na textura, como no sabor, a apresentação enchia os olhos bem como o estômago, pois vinha bem servido! No meio estavam frutos vermelhos que cortavam a riqueza do creme, que mesmo assim era leve e sedoso, o biscoito embebido em café dava o toque final a uma sobremesa que marcava pelo equilíbrio encontrado, para comer sem culpa, pois não é demasiado doce e aqui não é mais nata do que queijo como noutros sitios, é sim mais queijo e menos nata e açúcar, estilo do Chef Amorim como bem sei.

Empada de Queijo e Doce de Leite(caseiro). Deliciosa!
A minha Empada de Queijo e Doce de Leite (que é caseiro pois eu estava lá quando ele foi feito :) ) estava como eu esperava, divinal, a massa da empada esfarelava-se lindamente, o recheio tinha um sabor complexo com o doce e o queijo que mais tarde vim a descobrir qual era, a trazer uma agradável surpresa pois nunca tinha comido nada assim noutro sitio. Mais uma vez, não se demonstrou com o sabor a doce, mas sim de um total entendimento de sabores e texturas, fazendo desta sobremesa um excelente final de refeição. Para cortar a riqueza da empada, vem servido também uma brunesa de Abacaxi e Maçã que, ao limpar-nos o palato, fazia ao mesmo tempo que a próxima colherada tivesse a mesma surpresa e plenitude de sabor que a 1ª, uma ideia excelente e que faz todo o sentido.
Alguns dos pratos do Blend.

Chegados assim ao final, a conta ficou por uns 53.50€ para 2 pessoas com 2 entradas, 1 prato principal, 2 sobremesas e 2 águas, um valor algo elevado tendo em conta algumas das quantidades, mas mesmo assim, o espaço e a qualidade falam por si... Um espaço a seguir atentamente, pois o Chef António Amorim ainda tem muitas criações para dar a conheçer, um restaurante com potencial, bonito e bem localizado, com uma boa carta repleta de ideias e boa execução. Sem dúvida um Blend bem conseguido com espaço para crescer e se desenvolver.

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